Entrevista feita com Anna Hirsch Burg para o site MSN tempo de mulher por Patrícia Gattone
Prestes a casar, alguns pombinhos idealizam a casa que vão morar, a decoração, a nova rotina, começam a programar a vida a dois e ficam na expectativa de viver o melhor dos mundos.
Há toda uma onda de sensações e sentimentos que inspiram, afinal, é o começo de uma nova vida e de uma relação cheia de esperanças de alegrias, amor e conquistas para ambos. É o início de uma nova família!
Mas reunir dois mundos, dois estilos de vida e duas formas de pensar dentro de uma única casa não é tarefa fácil. No entanto, nada de achar que tudo está perdido, é possível, sim, segundo especialistas, que o casal entre num acordo para estabelecer o melhor dessa rotina a dois. “Negociem e conversem antes de qualquer coisa, pois ninguém é adivinho, nem tem bola de cristal. Conversas ainda são a melhor fórmula. Nada substitui a fala”, afirma Anna Burg, psicóloga e psicanalista.
E muita atenção os que não conseguem se imaginar longe da solteirice. “Casar e achar que vai poder usufruir da mesma ‘liberdade’ da vida de solteiro é um projeto fadado a dar errado. Uma vida a dois necessariamente implica em mudanças que, na somatória, devem ser mais favoráveis que uma vida não compartilhada. Ou seja, se for culpar o parceiro pelas ‘perdas’ da vida de solteiro, melhor continuar sozinho”, ressalta Anna. Ela explica que a questão central nesse tipo de caso é: será necessário a cada um dos parceiros determinar até que ponto pretende abrir mão das 'vantagens' da solteirice em nome do amor ou da proposta de uma vida a dois. “Ou seja, determine o que pretende mudar e o que é estrutural, do tipo 'sem isso não posso viver'”, diz.
Outra observação que Anna faz é sobre o fato de um responsabilizar o outro pelas escolhas que foram feitas. “Necessariamente cada um dos parceiros vai trazer bagagens de sua história, pequenas ou grandes manias, expectativas e uma idealização sobre o parceiro”. Por isso, segundo ela, aceitar, por exemplo, o fato do marido assistir ao jogo de futebol com os amigos não implica que ele ama menos a esposa. Pelo contrário, permitir isso é uma grande demonstração de amor próprio e ao companheiro.
A psicóloga e psicanalista Anna Burg afirma que o outro deve saber que o parceiro não está lá como responsável para preencher todas as suas necessidades. “Os dois, apesar de casados, continuam faltantes, têm frustrações individuais, continuam sendo duas pessoas e um amor. Ou seja, se a mulher está se achando gorda é importante que ela procure meios de cuidar do corpo e não perguntar ao marido o tempo todo o que ele acha. Devemos frisar que marido e mulher não são mães e pais, e não devem sê-lo. Quem ama incondicionalmente é mãe. Homem e mulher se conquistam”, afirma.
Por isso, Anna dá algumas dicas que podem ajudar no dia a dia. Entre elas, não deixar de serem criativos, principalmente, no sentido de entender que a diversão, o rir de si mesmo, por exemplo, é saudável e traz ‘felicidade ao casal’. Façam algo que ambos curtam fazer juntos. “Não cair na rotina implica não apenas em programas externos, mas em mudanças internas também. Não adianta mudar de restaurante e continuar sempre com o mesmo papo”, exemplifica ela.